quarta-feira, 1 de abril de 2009

Educação Infantil

Educação Física na Educação Infantil
Prof. Sandra Simões


ELEMENTOS DA CULTURA INFANTIL BRASILEIRA

Ao se pensar em cultura infantil, é comum trazer à lembrança os brinquedos, jogos, fantasias que permeiam a mágica fase da vida que é marcada por eles. Ao se refletir na importância dessa cultura na formação integral do indivíduo é necessário que se remeta aos tempos em que o “brincar” era parte intrínseca do ser humano, e não só da criança, mas de qualquer SER que fosse HUMANO. Tempos em que as rodas de verso eram cantadas e dançadas por jovens, crianças e velhos, em que as histórias e romances tinham seus personagens na gente do povo, em que as mamães tinham tempo com seus filhos para cantarolar seus acalantos e brincos, tempos em que os tios vinham jogar aquela “pelada” no quintal de casa nos fins de semana, tempos em que as famílias se reuniam na porta das casas pra prosear, pra contar casos e causos, pra fazer repentes e tocar uma viola, pra jogar dadinhos, palito, ou dominó, enfim, pra brincar. Pois só brinca quem é humano, e só é humano quem se descobre a cada dia, quem aprende a ver na simplicidade das coisas o bom da vida, quem descobre o outro a cada instante, quem participa da vida do outro e permite que o outro participe da sua vida e de sua construção pessoal.
Ao se pensar em cultura infantil, é imprescindível que se pense em cultura brasileira, ou melhor ainda, cultura infantil brasileira, com toda sua multi-etnia e riquezas dela provindas. E para que se compreenda melhor a cultura infantil brasileira é necessário que se conheça as particularidades dessa cultura.

JOGOS POPULARES

Na apreciação de Veríssimo de Melo “é instintiva a atração das crianças pelos chamados jogos populares infantis. O menino normal, são de corpo e espírito, nunca resiste à tentação de correr, pular, subir em árvores, banhar-se nos rios e praias, sacudindo os músculos e ajudando o próprio organismo a desenvolver-se”.
Sob a perspectiva de Maria Cadilla de Martinez (educadora porto-riquenha) “os jogos realizam uma imponderável missão social: adaptam o menino ao seu meio e o preparam para cooperar com seus semelhantes.” “Nenhum tratado de moral humana ou de justiça poderia ser mais objetivo e mais eficaz para a humanidade do que os jogos das crianças.”
Para Giuseppe Pietré (folclorista italiano) “os jogos são a escola na qual os meninos aprendem hábitos que lhes serão de prática utilidade em sua vida e futuro; que eles encerram uma moral, segundo a qual a boa fé e a honestidade são condições necessárias a todo bom jogador.”
Na visão de Stanley Granville Hall (educador norte-americano) “o jogo infantil é um processo espontâneo, instintivo, que a natureza humana elege para poder alcançar sua plenitude e perfeição em todas as ordens construtivas da vida; jogando, o menino fortalece o seu organismo, adquire idéias e se racionaliza como ser social; os jogos possibilitam o importante serviço de eliminar da sociedade seus próprios erros em procedimento; os ritmos que acompanham o jogo estimulam a sensibilidade do menino, modelam seu caráter e dão a seus sentimentos a oportunidade de refinar-se.”

As manifestações lúdicas são agrupadas por Veríssimo de Melo da seguinte maneira:

I – Fórmulas de Escolha ou de Seleção
São aquelas que são apropriadas pelas crianças nas preliminares de todos os jogos, com a finalidade de selecionar um ou mais dirigentes ou participantes.

II – Jogos Gráficos
São aquelas brincadeiras que se apresentam por um desenho ou um gráfico sobre o qual se realiza o jogo, tais como Amarelinha e o Caracol.
III – Jogos de Competição
São aqueles que se caracterizam pela disputa, e nos quais os jogadores exercem papéis interdependentes, opostos e cooperativos. Exemplos: pega-pega, esconde-esconde, cabo-de-guerra, cabra-cega e outros.
IV – Jogos de Sorte ou de Salão
São aqueles em que, embora contenham também o elemento de disputa, são caracterizados por desafiar a inteligência, a percepção, o humor, a criatividade. Exemplos: corrida “pô”, o jogo do anel, mímica, brinquedo com monjolo (onde se esconde a pedra) e outros.

V – Jogos com Música
São aqueles que utilizam a música, seja ela cantada ou apenas ritmada, e subdivide- se em quatro tipos: brincadeiras de mão, brincadeiras com movimento corporal, brincadeiras com objetos e cantigas de roda.
Exemplos:
a) Brincadeiras de mão: tricicaneta, bat masterson, etc
b) Brincadeiras com movimento corporal: maria helena (de cruzar e descruzar as pernas), ana maria (de cair com as pernas cada vez mais abertas), etc.
c) Brincadeiras com objetos: aqueles que são brinquedos cantados como escravos-de-jó, monjolo, algumas formas de passa-anel (alguns desses são também cantigas de roda, já que ocorrem numa roda), etc, e aqueles não cantados, como peão, bolinha de gude, etc.
* Por serem as cantigas de roda de grande riqueza e diversidade terão um estudo à parte.

Segundo Marakava (2006) “Os Brinquedos Cantados são de uma utilidade imensa para a educação musical atual, por sua variedade e riqueza de elementos (neles se opera uma confluência de linguagens: musical, dramática, poética, gestual, coreográfica), combinando destreza, prontidão e atenção com encantamento, comunhão, jogo. Além disso, as brincadeiras cantadas nos põem em um contato muito especial com as mais variadas culturas, estão presentes em todo o mundo e não é difícil hoje em dia adquirir esse conhecimento”.

BIBLIOGRAFIA
MELO, Veríssimo de. Folclore Infantil. Belo Horizonte: Itatiaia, s.d.
MARAKAVA, Meri Angélica. Música na Cultura Infantil - apostila ministrada no curso de pós graduação “Capacitação Docente em Música Brasileira” – Universidade Anhembi Morumbi – S.P., Maio/2006.

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