quarta-feira, 1 de abril de 2009

Educação Infantil

Educação Física na Educação Infantil
Prof. Sandra Simões


PSICOMOTRICIDADE

1.Noções Básicas

A psicomotricidade trata das relações existentes entre a função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo, visto que estes estão intimamente ligados, buscando facilitar a abordagem global da criança por meio de uma técnica.

Hoje em dia, o estudo da psicomotricidade ultrapassa problemas motores, pesquisando também as ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e a orientação temporal, além de tratar também das dificuldades escolares de crianças de inteligência normal.

Trata também da conscientização das relações existentes entre o gesto e a afetividade, como por exemplo: a diferença ao caminhar entre uma criança segura e outra que seja muito tímida.

Como utilizar a educação psicomotora para que a criança adquira noções indispensáveis para o seu desenvolvimento?

· através de exercícios motores
· através de exercícios sensoriomotores
· através de exercícios perceptomotores


Incidências sobre a escolaridade

Os problemas apresentados por uma criança ao chegar à escola são, na verdade, muito anteriores à fase escolar.

Uma criança com esquema corporal mal constituído apresenta má coordenação de movimentos, tais como: atraso ao despir-se e vestir-se, dificuldade para habilidades manuais, caligrafia feia e leitura não harmoniosa.

Uma criança com lateralidade não bem definida encontrará problemas de ordem espacial, tais como: não perceber a diferença entre o lado dominante e o outro lado, diferença entre esquerda e direita.

Uma criança, diante de problemas de percepção espacial, é incapaz de distinguir a letra “b” da letra “d”, ou “p” e “q”, ou “21” e “12”, quando não percebe a diferença entre esquerda de direita, e caso não perceba a diferença entre alto e baixo, irá confundir “b” e “p”, “n” e “u” e “ou” e “on”.

Diante de problemas quanto à orientação espacial, a confusão entre “antes” e “depois”, por exemplo, podem acarretar dificuldade na ordenação das sílabas, ou dificuldade na reorganização de uma frase cujas palavras estejam misturadas.

Diante de uma má organização espacial ou temporal, a criança pode apresentar fracasso em Matemática. Por exemplo, para calcular a criança deve ter pontos de referência, colando os números corretamente, tendo noção de “fileira”, de “coluna”, etc.


Elementos Básicos da Psicomotricidade

I. Esquema Corporal
“O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo”.

Trata da percepção que a criança tem de si mesma, e da percepção que tem dos outros seres e coisas que a cercam, bem como da maneira como se relaciona com estes. A personalidade dela se desenvolverá de acordo com que toma consciência de seu corpo, do seu ser, e de suas possibilidades de ação e transformação com o mundo ao redor.

Exemplos:

· Domínio corporal.
Uma criança que corre durante o recreio e choca-se constantemente contra os colegas, em pouco tempo não se sentirá mais à vontade e deixará de correr, por não dominar bem seu corpo.
· Conhecimento corporal.
Uma criança que quer passar por baixo de um banco mas, por esquecer de flexionar as pernas, bate as nádegas no banco.
· Passagem para a ação.
Uma criança não brinca de transferir líquidos de uma vasilha para outra e, ao beber limonada, entorna o copo.

Uma criança que se sinta bem em relação ao seu corpo e capaz de situar seus membros uns em relação aos outros fará uma transposição de suas descobertas, podendo, progressivamente, localizar objetos, pessoas e acontecimentos.

Etapas do desenvolvimento do esquema corporal

· O corpo vivido – a criança faz exercícios diversos em forma de jogos, com a finalidade de dominar seus movimentos e perceber seu corpo globalmente.
· Conhecimento das partes do corpo – a criança toma consciência de cada segmento corporal, bem como a relação que estabelecem entre si, passa a se perceber internamente (sentindo cada parte do corpo) e externamente (pode-se fazer uso de espelho)
· Orientação espaço-corporal – trabalho sensorial mais elaborado; a criança passa a associar os componentes corporais aos diversos objetos da vida cotidiana, passa a ter um conhecimento analítico do espaço dos gestos.
· Organização espaço-corporal – etapa em que a criança irá exercitar todas as possibilidades corporais, conhecendo as partes do corpo, a disposição e as posições; de maneira analítica chegará a um domínio corporal (por meio de exercícios de equilíbrio, coordenação, inibição, destreza), de maneira sintética, haverá a adaptação dos movimentos ao objetivo a ser alcançado, e expressando uma ação, um sentimento ou uma emoção, por intermédio do corpo.

II. Lateralidade
Caracteriza-se pela dominância lateral que é naturalmente definida no crescimento: um lado será mais forte, mais ágil. Ela corresponde a dados neurológicos, e também é influenciada por hábitos sociais.

Como descobrir a lateralidade?

MI
· do ponto de vista da força:
Ex: Pede-se para que a criança chute uma bola após uma corrida de dois a três metros: o pé escolhido para o chute é o dominante.
· do ponto de vista de precisão
Ex: Pede-se que a criança leve, com um pé, uma bola ou uma lata até determinado lugar.


MS
Ex: Pede-se à criança que faça gestos diversos do dia-a-dia e observa-se qual a mão utilizada.
· do ponto de vista da força:
Ex:
- lançar uma bola no jogo de “acerte o alvo”;
- levantar uma cadeira;
- pregar um prego.

· do ponto de vista da precisão
Ex:
- pregar um alfinete num mural;
- lançar uma bola em um cesto com uma mão;
- recortar papel com tesoura.

Obs: É muito importante não confundir “lateralidade” com o conhecimento de “esquerda-direita”.
A noção de “esquerda-direita” faz parte da estruturação espacial por referir-se à situação dos seres e das coisas, entretanto a criança que tem clara noção de sua dominância lateral terá mais facilidade em associar a mão ou pé dominante aos lados “esquerdo” e “direito”.


III. Estruturação Espacial
“É a orientação, a estruturação do mundo exterior referindo-se primeiro ao eu referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posição estática ou em movimento”.

· É a tomada de consciência da situação do próprio corpo em relação às pessoas e coisas;
· É a tomada de consciência da situação das coisas entre si;
· É a possibilidade de organização do indivíduo perante o mundo que o cerca.

Em todo momento a criança encontra-se num espaço em que necessita situar-se em relação a tudo que a cerca, portanto a estruturação espacial faz parte integrante da vida, assim é difícil dissociar a relação dos três elementos da psicomotricidade: corpo-espaço-tempo. Entretanto esses elementos devem ser tratados separadamente para que haja clareza de cada um.

Etapas da Estruturação Espacial

Pede-se para que a criança se desloque por um determinado espaço - sala de aula, quadra, casa, em seguida que leve um objeto de um lugar a outro.

Orientação Espacial
· quando a criança domina diversos termos espaciais, tais como: ir para frente, para trás, virar-se, ir para esquerda, direita, para o alto, ficar em fila, etc.
· vai além de estar “ao lado da cadeira”, mas estar “ao lado da cadeira e virada para frente”.
· A criança aprende a orientar objetos, deve adquirir direção gráfica, deve situar um objeto segundo a colocação ordinal.

Organização Espacial
“Organizar é combinar, dispor para funcionar”. Assim, nessa etapa o objetivo é combinar diversas situações e orientações, tais como:
· a criança deve guiar um outra que está com olhos vendados;
· brincar de loto;
· fazer exercício que envolva simetria.

IV. A Orientação Temporal
Trata da capacidade de situar-se em função:
· da sucessão dos acontecimentos: antes, durante, depois;
· da duração dos intervalos: noções de tempo longo, curto (hora, minuto, segundo); noções de ritmo regular, de ritmo irregular (trabalho com música); noções de cadência rápida e lenta (pode-se pontuar por meio das passadas do andar ou do correr);
· da circularidade dos períodos que nos cercam: dias, meses, anos, estações;
· do caráter irreversível do tempo: “já passou!”,”foi na semana passada”, “acabou”, etc.
Etapas da Orientação Temporal

A criança precisa perceber para memorizar:
· o que passou, o que estamos vivendo agora, o depois;
· em que ordem as atividades foram realizadas “primeiro fizemos uma roda, depois fizemos um pega-pega, depois realizamos rolamento e, por último cantamos uma música”.

Duração: a criança deve perceber as diferenças entre algo que se passa rapidamente, e algo que dura muito tempo, minutos, horas, dias.
Renovação cíclica: manhã, tarde e noite; dias da semana, estações do ano, etc.
Ritmo: ordem, duração, alternância, sucessão.

V. Pré-Escrita
“Domínio do gesto, estruturação espacial e orientação temporal são os três fundamentos da escrita”.
· direção gráfica: escreve-se horizontalmente da esquerda para a direita;
· noções de “em cima” e “embaixo”, de “esquerda” e “direita”, de “oblíquas” e “curvas”.
· Noção de antes e depois: para a criança escrever, ela inicia seu gesto no lugar correto, e decompõe as sílabas antes de escrevê-las na seqüência correta para a formação da palavra.

Os exercícios de pré-escrita são:
· puramente motores;
· exercícios de grafismo: exercícios preparatórios para a escrita na lousa e no papel.

Motores
Visam ao domínio do gesto da escrita, por meio do equilíbrio entre as forças musculares, flexibilidade e agilidade de cada articulação do membro superior.
Assim, caso a criança não tenha obtido ainda sua base motriz, ela não será capaz de desenhar, por exemplo, de acordo com suas expectativas, dando lugar ao desinteresse, ou ainda a dizer ao adulto “desenhe pra mim”.
Esses exercícios devem ter por base:
· mobilização do ombro, do pulso, de cada um dos dedos;
· um trabalho de plasticina – brincadeira que, além de interessante para a criança, fortalece os músculos de cada dedo e desenvolve a destreza manual.

Grafismo
Exercícios que irão trabalhar diferentes gestos em um plano vertical, nos quais a criança aprende a segurar corretamente o lápis ou giz.
Caso a criança não domine bem o gesto, deve-se pedir à mesma que faça desenhos grandes, trabalhando ombro e cotovelo, e diminuir paulatinamente estes desenhos, propiciando à criança um trabalho mais específico.
É importante iniciar os desenhos primeiro da esquerda para a direita, e com a aquisição do hábito de desenhar, propor à criança que esta inicie um desenho sem tirar o lápis ou giz da superfície em que desenha, por exemplo: um quadrado, partindo assim, da esquerda para a direita e terminando da direita para a esquerda.


2.Exercícios

I. Exercícios para desenvolver o Esquema Corporal
Corpo Vivido
· Arrastar-se no chão (passar por baixo de cadeiras).
· Rolar de lado (por cima de colchões).
· Andar:
- normal,
- por cima de objetos (entre os degraus de uma escada colocada horizontalmente no chão),
- andar de quatro,
- andar de joelhos,
- andar de cócoras.
· Corridas:
- livres,
- com revezamento,
- com obstáculos.
· Saltos - com pés unidos ou não:
- por cima de uma corda,
- por cima de objetos pequenos,
- de degraus de uma escada,
- o mais longe possível,
- de arco em arco.
· Brincar de trem:
- dando mãos,
- em fila indiana, segurando-se pelos ombros.
· Amarelinha:
- empurrar com o pé um saquinho,
- um pequeno ladrilho,
- bloco de madeira, etc.
· Jogos de bola (lançar e apanhar):
- lançar uma bola contra a parede e apanha-la quando retorna;
- lançar uma bola ao ar e apanha-la,
- lançar; rolar uma bola;
- driblar;
- lançar uma bola em direção de um companheiro, que deve apanha-la após um ou vários pulos.
· Jogos de equilíbrio:
- Andar sobre um banco;
- Passar de uma cadeira para a outra;
- Andar de quatro por baixo de bancos;
- Pular com um pé;
- Equilibrar-se sobre um pé.

· Jogos de inibição:
- parar de correr ao toque do apito;
- parar diante de um obstáculo;
- jogo das “estátuas”.

De motricidade refinada:
· Trabalho livre sem exigência de rapidez:
- enfiar miçangas numa linha;
- vestir-se ou vestir uma boneca;
- plasticina: rolos, bolas, etc;
- martelo e pregos;
- fazer rolar bolas de gude;
- xilofone (instrumento musical melódico-percussivo);
- fazer rodar carrinhos;
- costurar com fio plástico;
- corte em linha reta;
- amassar papel;
- torcer papéis de bala.
· Jogar pião.
· Girar uma corda.
· Brincar de cobra com uma corda: ondulações verticais e horizontais.
· Brincar de embrulhar objetos miúdos.

Conhecimento das partes do corpo
· Levar as crianças a tocarem diversas partes do corpo;
· Andar com uma bola entre as pernas;
· Pedalar (deitado com pernas para cima);
· Aplaudir;
· Colocar-se sobre uma bola grande: rolar de costas e em decúbito ventral.
· Fazer um buraco na areia com o dedo;
· Bater cotovelos na mesa;
· Andar de joelhos;
· Ficar de olhos vendados;
· Imitar os olhos do chinês;
· Apanhar com a boca uma bala dependurada;
· Tapar os ouvidos;
· Estalar a língua;
· Morder uma maçã e observar a marca dos dentes.

Outros exercícios:
· lavar as diversas partes da boneca;
· canções gestuais que mostrem cada parte do corpo. Ex: “Cabeça, ombro, perna e pé”.
Orientação Espaço-Temporal
· Aprender a ouvir de perto: a criança coloca o ouvido contra um relógio, uma parede, etc;
· Brincar de cabra-cega. A criança irá perceber a distância de cada colega pelos sons que ouve.
· Fazer a criança perceber diferenças entre o que é macio, áspero, duro, mole, quente, frio.
· Reprodução de diversas posições indicadas pelo professor:
- em pé, bem firme;
- sentada, com pernas estendidas;
- em pé, braços levantados;
- sentada, com mãos na cabeça;
- de quatro;
- em pé, com mãos nos ombros;
- sentada, com nariz nos joelhos.
· As crianças observam um desenho com uma posição mais complexa e, em seguida, reproduzem o gesto apresentado.
· Jogo de estátua com escultor. O escultor irá mexer na estátua:
- “Incline a cabeça para o lado esquerdo”;
- “Eleve o braço direito e abaixe o esquerdo”.

Organização Espaço-Temporal
· Movimentos simultâneos:
- Levantar os braços e simultaneamente elevar o joelho esquerdo. (idem com o direito)
- Flexionar os joelhos elevando braços simultaneamente.
- Mão esquerda no ombro esquerdo, braço direito estendido lateralmente, cabeça para a direita. (realizar do outro lado)
· Movimentos alternados:
- Elevar o braço esquerdo, abaixa-lo. (repetir do outro lado)
- Colocar a mão esquerda na cabeça, recolocar a mão ao longo do corpo.
· Movimentos sucessivos:
- Elevar braços lateralmente na altura dos ombros, levar braços para frente e depois baixar.
- Elevar joelho esquerdo, estender a perna esquerda e abaixa-la, idem do outro lado.
· Movimentos alternados e sucessivos:
- O braço esquerdo é estendido para frente na altura dos ombros; abaixar esse braço e elevar ao mesmo tempo o braço direito para frente na altura dos ombros, e assim sucessivamente.
- O braço está elevado no prolongamento do corpo e a mão esquerda está no ombro: abaixar a mão direita sobre o ombro e elevar ao mesmo tempo o braço esquerdo no prolongamento do corpo, e assim sucessivamente.

Exercícios de equilíbrio
· Andar sobre um banco sueco virado;
· Andar sobre blocos de madeira;
· Andar sobre um plano inclinado;
· Manter-se em equilíbrio sobre o pé direito, depois colocar o calcanhar esquerdo sobre o joelho direito.
· De pé, balançar o corpo para a esquerda. Estender os braços na horizontal, elevar a perna direita.
· Levar um copo cheio de água por uma distância de três metros (em corrida de revezamento).
· Em corrida de revezamento: colocar uma bola de gude em uma colher, sem deixar que esta caia.

Exercícios de destreza
· Jogos de “acerte o alvo”;
· Jogos de bola: jogar uma bola dentro de um pequeno barril, brincar de boliche.
· Diversos jogos de bolas de gude.

Exercícios da vida cotidiana
· Fazer um nó simples, um laço;
· Executar diversas dobraduras em papel;
· Pular corda;
· Costurar cartões perfurados;
· Abotoar;
· Recortar;
· Enrolar uma corda.

Exercícios de inibição
· Imitar um robô: executam-se os movimentos de forma mecânica.
· As crianças andam livremente, seja enquanto o educador bate um tamborim, ou ao som de um CD. Quando a música cessar, as crianças param onde se encontram.

Mímicas
· Pede-se que a criança imite uma expressão corporal:
- Imitar um rosto feliz;
- Imitar uma criança que chora;
- Imitar alguém que está bravo;
- Imitar alguém que fica amuado;
- Imitar alguém que está sentindo dor de dente;
- Imitar alguém diante de um delicioso mousse de chocolate.


II. Jogos de Lateralidade
· Pular em um só pé. Isso pode ser organizado em um jogo como o “Mãe da rua”.
· Exercício de equilíbrio: manter-se, durante o maior tempo possível, sobre um pé e depois sobre o outro.
· Corrida seguida de chute.
· Coloca-se um saco de grãos sobre um dos pés da criança, e pede que esta vá em frente sem deixa-lo cair.
· Controlar uma bola com os pés por entre diversos obstáculos, entretanto deve controlar a bola com o pé esquerdo se o obstáculo estiver à esquerda, e com o pé direito se o obstáculo estiver à direita, portanto, para acertar, a criança deverá mudar de pé constantemente.
· Bater num tamborim: a mão dominante bate o ritmo. A criança deve tentar com a outra mão e perceber a dificuldade.
· Brincadeiras de mão.
· Girar a corda de pular com uma mão e depois com a outra.
· Jogar dados: com qual das mãos se joga com mais facilidade?
· Jogos de equilíbrio (em corrida de revezamento):
- a criança conserva uma mão nas costas e a outra mão na horizontal, braço estendido. Coloca-se nessa mão um saco pesando um quarto de quilo. A criança deve andar, braço estendido, sem deixar cair o saco, até um certo ponto; fará o trajeto de volta mudando o saco de mão.
- Em vez de um saco, dá-se à criança uma colher na qual colocamos uma batata ou uma bola de gude.
· Jogos com arcos:
- Girar o arco em torno de si.
- Girar o arco em torno do braço e da mão. Verificar qual mão tem mais facilidade.

Organizar-se em função de sua lateralidade
· Abotoar e desabotoar.
· Realizar jogos de colagem.
· Para distribuir folhas ou cartas, a mão não-dominante segura o pacote de folhas ou de cartas e a outra mão distribui.
· Emprego dos jogos de ligue-liguei e jogos de encaixe.
· Encher um copo d’água: a mão dominante abre a torneira, a outra segura o copo.

Jogos de reconhecimento esquerda-direita
· Utilizar bracelete ou fita amarrada no braço direito (ou esquerdo) da criança e realizar diversos jogos envolvendo direita e esquerda.
· Colocar mão direita no tornozelo direito.
· Pôr o calcanhar esquerdo no joelho direito.
· As crianças todas caminhando atendem à voz de comando do professor que diz “Levantem o braço direito!”, etc...
Frente à frente:
· “Mostre a mão direita de seu amigo que está de frente para você”.
· “Toque com a mão esquerda a mão direito do seu amigo”.
· “Peça que seu amigo levante seu joelho esquerdo e verifique se ele acertou”.


III. Estruturação Espacial
Conhecimento das noções espaciais
· A criança deve: ir jogar o papel no lixo; ir ao banheiro; reconhecer sua cadeira; empurrar ou puxar uma mesa; dispor as cadeiras em um círculo.
· A criança deve aprender a se movimentar em classe e no pátio.
Através de jogos , a criança aprende a se orientar, de forma livre, no espaço.
· Jogos cantados:
- “Um atrás do outro”
- “Passa, passa três vezes”
Dentro:
· Entrar num guarda-roupa.
· Entrar num saco.
· Entrar numa banheira.
· Esconder qualquer coisa nas mãos.
No alto e embaixo:
· Balanço: percepção de quando se está em cima e embaixo.
Por cima de:
· Colocar caixas ou garrafas no chão: a criança deve saltar por cima ao deslocar-se.
Sobre:
· Desenhar formas geométricas no chão e propor às crianças que saltem sobre elas, por exemplo, primeiro sobre os círculos, depois sobre os quadrados. Pode-se ainda desenhar amarelinhas com formas variadas.
Ao lado:
· Caminhar ao lado de uma linha reta desenhada no chão.
Contra:
· Apoiar-se contra a porta.
· Apoiar-se contra a parede, contra o armário.
· Subir no espaldar, mantendo-se apoiado contra as barras.
Em volta:
· Brincar de “lenço atrás”.
· Dar voltas em redor de uma cadeira.
Mais longe:
· Arremessar discos ou pedras o mais longe possível. Contar pontos obtidos.
Entre:
· Andar entre duas linhas.
· Passar entre as pernas dos colegas.
· Passar entre a parede e o banco.

Orientação Espacial
· Em fila: passar uma bola sob a perna das crianças.
· Costas contra costas: duas crianças, costas contra costas, pegam-se pelos braços e devem se sentar, depois devem tornar à posição em pé juntas.
· Memorizar o lugar de diferentes objetos ou de diferentes pessoas.

Organização Espacial
· Pedir às crianças que dêem passos do mesmo tamanho.
· Brincar de esconde-esconde.
· Levar as crianças a um lugar e na volta pedir que elas indiquem o caminho.
· Orientar-se de olhos fechados (brincadeira de cabra-cega).
· Seguir o mesmo trajeto do professor (brincadeira “siga o mestre”).
· Orientar o deslocamento de um colega.
· Brincar de trenzinho, em que uma das crianças é a locomotiva e as outras os vagões.
· Montar quebra-cabeças.
· Jogos de labirintos: encontrar o caminho mais curto.

IV. Orientação Temporal
1. Empregar os termos “antes”, “depois”, “em primeiro lugar”, “em último lugar”.
· O professor apresenta três objetos: um após o outro e os alunos deverão memorizar a ordem de apresentação e expressa-la:
- “Em primeiro lugar você mostrou o giz, depois...”

· Uma criança reproduz por meio de gestos três ou quatro ações. As outras crianças, em conjunto, discutem em que ordem ela agiu.

2. Utilizar os termos “ontem”, “hoje”, “amanhã”.
· Relembrar aos alunos diversas atividades desenvolvidas ontem, hoje ou conta que será feito amanhã.

3. Reconstituir a ordem em que as coisas são vistas.
· Refazer o mesmo trajeto executado pelo professor.
· Erguer os mesmos objetos que o professor ergueu, seguindo a mesma ordem.

4. Colocar em ordem cronológica os hábitos cotidianos.
· Imitar o ato de se vestir de manhã, seguindo depois uma ordem cronológica.
· Ensinar as crianças a contar uma história seguindo a ordem cronológica.

Duração do tempo
· Perceber tempo longo e curto, por meio de um assobio, etc.
· Rolar duas bolas simultaneamente, uma mais depressa que a outra.
Noção de hora
· Mostrar duas atividades que podem ser realizadas em cinco minutos, ou em uma hora, ou em um período.
Noção de “cedo demais” e “tarde demais”.
· Bater palmas com as crianças e perceber quem bate antes do tempo ou depois do tempo.
Noção dos períodos cíclicos
· Contar histórias que falem da manhã, ou da noite.
· Propor às crianças que imitem as atividades próprias de cada estação do ano.
Ritmos
· Marchar ao som do tambor.
· Bater em um tambor
· Inventar ritmos, por meio de palmas ou percussão corporal.

V. Pré-Escrita
Exercícios Motores
1. Ombros
· A criança, sentada diante de uma mesa, sobre a qual coloca-se um saquinho de grãos de areia, com o dorso da mão, e dedo mínimo colocado sobre a mesa, empurrará o saquinho até a borda direita da mesa.
2. Punhos
· Mãos juntas: afasta-se as mãos mantendo os punhos juntos.
· Jogo de iô-iô.
· Girar uma colher em uma panela, movimentando apenas o punho.
· Em uma caixa de areia, desenhar círculos grandes com o indicador.
3. Dedos
· Girar um pião.
· Afastar e juntar os dedos.
· Brincar de “bonequinho que anda” com o indicador e o médio.
Trabalho com plasticina
· Fazer um boneco com apenas uma das mãos.
· Rolar, com a palma da mão, uma bolinha de plasticina sobre a mesa.

Grafismo
· Fazer traços horizontais
· Fazer traços verticais.
· Desenhar semi-círculos.
· Desenhar quadrados.
· Desenhar o círculo.


Bibliografia

MEUR, A. de, STAES, L. Pscicomotricidade – Educação e Reeducação. São Paulo: Editora Manole Ltda, 1989.

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